Hoje fechei a janela, bati à porta da esperança
apaguei os versos de sonhos e reescrevi o diário
comunguei a hóstia do abandono, e desmaiei
Hoje sussurei às lágrimas aladas da dor
compus o poema mais triste da aurora
soltei os pássaros engaiolados há anos
revi os porões de poeira, e não os limpei
Hoje rasguei poesia com estilete
matei a arte de cada dia e comi os restos de mim
sabotei aquele dia em que acordaríamos na praia
fiz tempestade em copo de cristal
e deixei que os raios o quebrassem
Hoje e só por hoje andei para trás...
voltei ao calabolço escuro de onde jamais devia ter saído
e tranquei as portas de mim, perdendo as chaves no escuro
apedrejei as lâmpadas...e esqueci o céu
lá na fresta de uma ala que já não sei chegar
Hoje eu me perdi...para quem sabe me encontrar um dia
em meio a um verso triste escrito em preto e branco.
Márcia Poesia de Sá
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário